Educação

De cara nova e interativo

O site da escola Alfredo Dub ganhou uma nova versão; através do personagem Hugo, deficiente auditivo consegue traduzir textos do português para libras

Paulo Rossi -

A Escola Especial Professor Alfredo Dub lançou uma nova versão do seu site. Além de mais colorido e interativo, ficou objetivo e, ainda, democrático. Isso porque foi incluído no sistema o aplicativo Hand Talk - em português, Mãos que Falam - para integrar e valorizar a comunidade surda, principal público da instituição.

Segundo Laísa Silveira, coordenadora administrativa financeira da Alfredo Dub e também idealizadora dessa nova fase da instituição, na qual a escola busca seu espaço no meio digital e nas redes socais, o site tem como objetivo tornar o educandário mais conhecido. No portal, a população pode ter acesso a informações das atividades realizadas, dos serviços prestados, além da história e de como ajudar a Alfredo Dub a manter suas ações. Entretanto, a grande novidade do site é o Hugo. Ele é um personagem 3D, que atua como intérprete do Português para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Laísa enfatiza que a parceria com a empresa Hand Talk para incluir o aplicativo no site é um sinal de respeito pela comunidade surda, afinal, a Libras é a primeira língua desse público - o português é segunda, adquirida através da alfabetização. Agora, até mesmo alunos que ainda não sabem ler podem se sentir representados pelo site, pois poderão compreender o que está escrito. É o caso da pequena Fiorella, de apenas dois anos. Apesar da pouca idade, ela é fluente em Libras, pois além de ter contato desde bebê com a estimulação precoce da Alfredo Dub, os pais também são surdos, exigindo uma comunicação 100% de forma visual.

A mãe da menina, Francielle Martins, 29, com a ajuda da intérprete e professora de Fiorella, Nathielle Francos, conversou com a equipe de reportagem do Diário Popular. Ela conta que para a filha todos são surdos, diferente de quando ela era criança e achava que era a única no mundo. Indo ao encontro da fala da mãe, Fiorella mostrou traços fortes de independência e personalidade em vários momentos durante a entrevista, se mostrou interessada em conversar com a equipe. Perguntava o que a reportagem estava fazendo no local. Para responder à pequena, a equipe usou o aplicativo Hand Talk. Fiorella, além de compreender, ficou encantada com o personagem Hugo.

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(Foto: Paulo Rossi - DP) Fiorella, de dois anos, aprendeu a se comunicar através da Libras

Francielle ressalta que o aplicativo tem papel significativo na quebra de barreiras existentes na comunicação entre surdos e ouvintes, citando como exemplo tarefas do cotidiano, como agendar alguma consulta médica. Ela também reforça a importância de estimular o quanto antes a criança surda a aprender Libras e dos pais dessas crianças de também estarem preparados para a língua. Frisa a mãe da pequena Fiorella que o domínio tardio torna todas as demais etapas de aprendizado mais lentas.

Como funciona
No site. No endereço eletrônico da escola (www.alfredodub.com.br) o personagem apenas atua na tradução dos textos lá disponíveis. Para usar o aplicativo, basta clicar no ícone azul em formato de mãos, localizado no lado direito da tela. O aplicativo abre uma janela auxiliar, e nela o Hugo irá traduzir os textos e as matérias para a língua de sinais. Para que o personagem comece a tradução, o internauta deverá clicar no texto que gostaria de traduzir.

No celular. O aplicativo pode ser baixado na play store ou app store e utilizado com ou sem acesso à rede de internet. No celular as pessoas que não sabem Libras e que queiram se comunicar com algum surdo devem escrever o que desejam falar no Hand Talk que o Hugo interpreta. Além da escrita, o Hugo consegue captar áudios para realizar a tradução e identificar textos por fotografias. O aplicativo ainda pode servir como ferramenta de estímulo para que as pessoas aprendam a se comunicar através dos sinais.

A Hand Talk
O aplicativo é um tradutor digital e automático para Libras. A empresa foi criada em 2012 por três jovens alagoanos que buscavam trazer acessibilidade. A motivação para o trio foi a existência de mais de 300 milhões de deficientes auditivos no mundo e 70% deles apresentam dificuldade em ler e escrever a língua escrita de seu país, já que a experiência de comunicação dessas pessoas é extremamente visual.

A empresa coleciona diversos prêmios por sua atuação e inovação. Em 2013 a Hand Talk ganhou destaque ao ser considerada a melhor na categoria Inclusão Social do prêmio WSA-Mobile. Já neste ano, ganhou o Prêmio Gifted Citizen, na categoria solução mais inovadora do mundo.

Curiosidades
- O Brasil possui 9,7 milhões de pessoas surdas, segundo informações do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
- A Libras não é considerada apenas uma linguagem, pois ela possui morfologia, sintaxe e semântica próprias, o que a torna uma língua própria.
- O termo "surdo-mudo" é uma generalização errônea. Poucos surdos são, de fato, mudos.

A Alfredo Dub
A Escola Especial Professor Alfredo Dub é filantrópica e atua na estimulação precoce de crianças surdas, além de trabalhar com Educação Infantil, Ensino Fundamental e, ainda, Educação para Jovens e Adultos (EJA). A Escola possui também projetos alternativos como dança e xadrez. A Alfredo Dub oferece também atendimentos psicológicos, assistência social e de fonoaudiologia através do Centro Integrado de Atendimento Educacional (Ciae), que atende também crianças da rede pública de ensino.

Doações on-line. Outra novidade do novo site é a opção de doar pela internet, o que facilita o processo que pode ser feito via boleto e também por cartões de crédito e de débito, através do PagSeguro. O dinheiro adquirido com as doações é usado para o pagamento de contas mensais da escola, como água, luz, telefone e, ainda, materiais escolares e de limpeza. A instituição possui parcerias com o governo estadual e com a prefeitura, porém, a verba é utilizada na folha salarial dos funcionários. A coordenadora administrativa financeira conta que a data de lançamento do site foi de acordo com a necessidade da escola. Devido à crise econômica nacional, as doações por telemarketing têm caído, e nesta época do ano, justamente quando os gastos da escola são maiores, com o pagamento do 13° salário e das férias dos funcionários, comenta Laísa.

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